No dia 26 de julho, encerrei minhas atividades no ISP-STP (Instituto Superior Politécnico de São Tomé e Príncipe) com muita graça: uma sessão de defesa de monografia do então licenciando Edjmilton Fernandes com a presença do autor estudado, o Sr. Albertino Bragança. Autor de três obras fulcrais para a prosa são-tomense (Rosa do Riboque e outros contos, Um clarão sobre a Baía e Aurélia de vento), Albertino, com sua generosidade e delicadeza características, nos brindou com sua presença, incentivando e encorajando o meu (com muita honra!) orientando Edjmilton a fazer uma bela defesa do seu "Mulheres de Bragança: o feminino nas obras albertinianas". Reproduzo aqui o resumo do trabalho, que, se autorizado pelo autor, publicarei neste blog!
"A
obra albertiniana compreende relatos ficcionais, que visa ao conhecimento da
realidade santomense dos sécs. XIX, XX e XXI. A estruturação textual das obras,
o prazer e o saber vão se tecendo com uma rede de implicações sociais. Esse
modo de construção deixa descobertas as realidades colonial e pós-colonial,
além da inquietação dos que contestavam o regime político da época.
Do
outro lado da mesma moeda, o autor enaltece de maneira heroica a presença feminina
no meio dessas controvérsias: trata-se de mulher que surge protagonizada, em primeiro plano, nas obras do romancista. O autor dá
voz ao “rugir da leoa”, que era relegada à periferia cultural e social. Diante
dos homens, as mulheres estavam quase sempre cabisbaixas, estavam marcadas pelo
estigma de “incapazes”, certamente devido a vários mitos que reinavam sobre a
sua pessoa e a certos costumes dos tempos. Nem na literatura se ouvia a voz da
mulher.
O
autor coloca a mulher em acção, como afirma em entrevista concedida a Michel
Laban: “…eu forjei essa greve [dos estivadores] e pu-la [Rosa Adriana] a
angariar fundos, que era uma coisa que uma mulher corajosa e decidida podia
fazer. Ela fê-lo com dinamismo…”
Portanto,
as mulheres albertinianas são aquelas que dizem: “somos capazes, não estamos
atrás, mas, sim, ao lado dos homens, sofrendo e lutando contra os vendavais
dessa sociedade complexa para nós.”
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