segunda-feira, 29 de julho de 2013

Albertino Bragança e Edjmilton Fernandes

No dia 26 de julho, encerrei minhas atividades no ISP-STP (Instituto Superior Politécnico de São Tomé e Príncipe) com muita graça: uma sessão de defesa de monografia do então licenciando Edjmilton Fernandes com a presença do autor estudado, o Sr. Albertino Bragança. Autor de três obras fulcrais para a prosa são-tomense (Rosa do Riboque e outros contos, Um clarão sobre a Baía e Aurélia de vento), Albertino, com sua generosidade e delicadeza características, nos brindou com sua presença, incentivando e encorajando o meu (com muita honra!) orientando Edjmilton a fazer uma bela defesa do seu "Mulheres de Bragança: o feminino nas obras albertinianas". Reproduzo aqui o resumo do trabalho, que, se autorizado pelo autor, publicarei neste blog!

"A obra albertiniana compreende relatos ficcionais, que visa ao conhecimento da realidade santomense dos sécs. XIX, XX e XXI. A estruturação textual das obras, o prazer e o saber vão se tecendo com uma rede de implicações sociais. Esse modo de construção deixa descobertas as realidades colonial e pós-colonial, além da inquietação dos que contestavam o regime político da época.
Do outro lado da mesma moeda, o autor enaltece de maneira heroica a presença feminina no meio dessas controvérsias: trata-se de mulher que surge protagonizada, em primeiro plano, nas obras do romancista. O autor dá voz ao “rugir da leoa”, que era relegada à periferia cultural e social. Diante dos homens, as mulheres estavam quase sempre cabisbaixas, estavam marcadas pelo estigma de “incapazes”, certamente devido a vários mitos que reinavam sobre a sua pessoa e a certos costumes dos tempos. Nem na literatura se ouvia a voz da mulher.
O autor coloca a mulher em acção, como afirma em entrevista concedida a Michel Laban: “…eu forjei essa greve [dos estivadores] e pu-la [Rosa Adriana] a angariar fundos, que era uma coisa que uma mulher corajosa e decidida podia fazer. Ela fê-lo com dinamismo…”
Portanto, as mulheres albertinianas são aquelas que dizem: “somos capazes, não estamos atrás, mas, sim, ao lado dos homens, sofrendo e lutando contra os vendavais dessa sociedade complexa para nós.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário