domingo, 24 de março de 2013

Cinco anos do Centro Cultural Brasil - São Tomé e Príncipe



            No dia 21 de março realizaram-se, no auditório do CCB-STP, as comemorações do quinto aniversário desse Centro. A grande originalidade da festa brasileira, consistiu, contudo, na participação de artistas são-tomenses, que cantaram músicas em cada uma das línguas crioulas faladas em São Tomé e Príncipe (santome, ngola e lungu’Ie), no português cantado que só se fala – e canta – aqui, além de canções, escolhidas pelos próprios artistas, da nossa música brasileira.
            Nezó – cantor e compositor, além de artista plástico – e seu grupo levaram a música do povo Angolar para nossos ouvidos, de maneira simples e delicada, tal que pudemos sentir a sua melodia e seu orgulho de se expressar em sua língua. E ainda tocou o "Morango do Nordeste"!
            Gilberto Gil Umbelina – cantor e compositor – com seu violão, levou-nos ao Pico do Papagaio, ao Rio do Papagaio e ao papagaio cinza da ilha do Príncipe, e também nos agraciou com uma canção em lung’Ie e o nosso “Xodó”, e mais, em parceria com a menina Leidy, pisou na fulô (“Pisa na fulô”, de João do Valle).
            Finalmente, Guilherme Carvalho – também artista plástico – e seus músicos cantaram uma canção em santome, nos homenagearam com a “Garota de Ipanema” (Tom Jobim e Vinícius de Moraes) e o “Trem das Onze” (Adoniran Barbosa), e cantaram uma canção de sua própria autoria, “Guitarra companheira minha”.
            Os músicos fizeram da festa um maravilhoso ato de manifestação e convívio harmonioso da diferença, o que reflete também uma atitude democrática, solidária e acolhedora entre o povo de São Tomé e Príncipe e os povos estrangeiros que aqui estão, de passagem ou não.
            Um país tão pequenino em dimensões geográficas mostrou-nos a força de sua identidade, marcada basicamente pelas línguas lá representadas e pelo seu português, e nos ensinou – creio que a todos que ali estavam – um pouco mais o que é conviver com o Outro (no sentido mais amplo e diverso que a palavra pode ter).
            Em tempos de pleno usufruto da liberdade de expressão, tempos de rememorar, resgatar culturas e não deixar que o passado seja rasurado ou o presente condenado à intolerância de resquícios dolorosos; em tempos de necessidade de valorizar e respeitar a diferença, a música nos uniu a todos em um tom, para comemorar a casa de São Tomé e Príncipe, com nome de Brasil.

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