quarta-feira, 27 de março de 2013

Um dia, em 2011, eu disse algumas coisas neste blog...

Acho que consegui fazer alguma coisa... Muito embora várias percepções tenham adquirido novas feições...

"Sete anos de Rio, e surgiu o desejo de vir para a África. São Tomé e Príncipe. São Tomé. Hoje, posso adiantar que estou num empreendimento – solitário* – de compreender as escritas produzidas aqui em ST e de resgatar o que nelas há de possível para um trabalho científico.

Para além disso, muito embora eu ainda não esteja vinculada a algum programa de estudos em uma universidade, sinto-me perfeitamente autorizada a escrever ensaios, a comentar leituras, a criticar críticas ou “atar-me” a algum domínio/linha filosófica, antropológica, etnológica, historicista, pós-modernista ou pós-colonial (ou, para usar palavras de Ahmad, alguma linhagem do presente) dos estudos de literatura. Mesmo estando (n)à margem dos intelectuais das letras, neste caso, mais especificamente, estudantes de África, vivo (num sentido muito amplo) São Tomé e Príncipe. E por vivê-lo, estrangeiramente, femininamente, literariamente, incomoda-me não ter ainda escrito qualquer coisa sobre tal experiência.

É bem verdade que, antes de publicar qualquer texto, ainda que escondido num canto da internet, num blog novo e desconhecido, leio, releio, analiso a pertinência do que digo, verifico cada informação que insiro no texto, e calculo os impactos daquilo que será publicado. Não posso jamais me esquecer de que tenho um compromisso ético com a minha profissão, e de que vivo num país em que a “diferença” pode contar muito contra um estrangeiro (no meu caso, mulher, branca – mestiça, como todos sabem que são os brasileiros –, brasileira. Sim, brasileira: sou, muitas vezes vista como uma mulher “diferente”, marcada pela visão equivocada que se tem das mulheres do Brasil, e alvo de preconceito explícito).

Retomo o objeto primeiro desta investida num blog.
Tomando emprestado o subtítulo de uma crônica de Mia Couto (em Pensatempos, "O sertão brasileiro na savana moçambicana"), "as águas do meu princípio" nas letras santomenses passam, necessariamente, por Conceição Lima. Tenho buscado material para "publicar", com segurança, qualquer coisa que, para além dessa poetisa e outros poucos textos, se possa assinalar de “literariamente legível” nas letras santomenses (e falo de hoje, 2011, antes que se julgue que me esqueço de Francisco José Tenreiro, posta de lado a polêmica questão/cisão da “nacionalidade” do poeta)."









Todavia, isso são mesmo linhas para outras páginas.


*O que quer dizer que não estou vinculada a projeto acadêmico, em qualquer universidade. A iniciativa é puro idealismo.

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