quinta-feira, 21 de março de 2013

Projeto de Artesanato - Brasil + São Tomé e Príncipe



            Ontem, recebi das mãos da Ivone, minha amiga (mas, para a sociedade, Ivone Baptista, supervisora local e consultora de bordado do Projeto de Artesanato que o Brasil desenvolve em parceria com São Tomé e Príncipe), uma encomenda que há muito esperava: era meu jogo americano – lindo! – com uns gatos feitos em corno (por Silvério da Mota) e, a peça, de uma espécie de palha mais rígida (por Makeba). Não resisti em fazer um comentário sobre a relevância desse Projeto no âmbito das relações de amizade entre nossos países.
            Não foi a Ivone que fez os “individuais”, mas os seus alunos e novos instrutores de artesanato são-tomenses que integram esse Projeto grandioso de cooperação da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) entre o Brasil e São Tomé e Príncipe (com a contrapartida do Ministério da Juventude e do Desporto de ST&P).
            Além de frequentar o Instituto da Juventude, onde as oficinas são ministradas, ser amiga do Projeto e conhecer as lojas (na CACAU e ao lado da STPAirways, Uê Tela), também sou sua admiradora e propagadora; contudo, posso apenas dar uma opinião de quem assiste ao seu sucesso e à sua beleza.
            O Projeto, que existe desde 2009, começou devagarzinho e foi crescendo a passos largos, formando profissionais nas áreas de costura, marcenaria, bordado, escultura em madeira, artesanato em corno e palha e design. Ao longo desses anos, os produtos foram adquirindo os contornos da expressão são-tomense nessas artes.
            O que me deixa feliz nos projetos que o Brasil desenvolve é exatamente isto: “nós” nos envolvemos com a cultura de São Tomé e queremos que as expressões artísticas se desenvolvam e cresçam com as marcas daqui. Não se trata, definitivamente, de uma  imposição de nossas concepções de arte e artesanato. Antes, pelo contrário: incentiva-se a criatividade e a fruição dos valores e modelos locais, levando os artistas e artesãos a mostrarem a sua face naquilo que fazem – e em que são muito bons!
            Muitos consultores brasileiros do Projeto de Artesanato já passaram por esta terra e, sem dúvida, levaram consigo as marcas próprias de cada aluno e de cada peça que criaram nesta parceria incontestável. Não é novidade que Brasil e São Tomé se expressam de maneiras diferentes, no entanto, a junção de ambas as manifestações culturais nos e os enriquece, cultural e intelectualmente.
            Dezenas de alunos passaram pelas salas do Instituto da Juventude, na Quinta de Santo Antônio, onde o projeto está fixado. Muitos artistas já têm, inclusive, a sua produção individual.
            Menciono um caso apenas – e já bastante revelador –  do grande artista plástico e artesão são-tomense Tomé Coelho, meu amigo, de quem comprei a maioria das peças que compõem hoje a minha casa: máscaras, esculturas, pequeno objetos de arte que enfeitam a casa e que têm a marca de São Tomé e Príncipe.
            Sempre disse ao meu amigo que as peças dele têm sua impressão pessoal inconfundível e hoje, como líder de oficina e instrutor de marcenaria e escultura dentro do Projeto, ele imprime a mesma/diversificada marca nas outras dezenas de alunos que passam por suas mãos. Tomé Coelho tem uma oficina em que cria, trabalha, dá aulas para novos escultores e artesãos na Quinta de Santo Antônio, e tem uma linda loja na CACAU – digna de uma visita cuidadosa – chamada Atxi D’Obô.
            Essa é apenas uma prova de que o Projeto alimenta e incentiva a criatividade deste povo adorável e impetuoso, que, aos poucos, vai conquistando o seu lugar na sociedade são-tomense e no mundo.
            Creio que a Arte seja uma manifestação das mais importantes para (re)construção de uma identidade local, enchendo nossos olhos – e nossas casas! – de beleza e de cores de São Tomé e Príncipe. Desejo vida longa para o Projeto, que, após o retorno para o Brasil dos consultores, andará com as próprias pernas, visto que formou, com dignidade e respeito, os artesãos e artistas daqui para seguirem o seu caminho.
            Mais uma vez, vida longa aos artesãos de São Tomé e Príncipe! E o meu profundo respeito pela relação de amizade entre nossos países.

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